O Dióspiro Fau-Fau é também conhecido como dióspiro de roer ou dióspiro maçã e caracteriza-se por ter uma casca fina de cor laranja e uma polpa firme. É um fruto típico desta estação e a sua degustação torna-se quase obrigatória para quem aprecia este fruto.
Este bolo é como um segredo guardado na curva d'um outono. Cada fatia é um mistério que se revela devagar, onde a doce e delicada fruta se encontra com o calor das especiarias, como uma conversa sussurrada entre dois velhos amigos que nunca deixam de entender-se.
A massa do bolo fica húmida, aromática e densa, mas não pesada, com uma textura amanteigada que proporciona aquela sensação de derreter na boca. As notas quentes e profundas das especiarias e do vinho do Porto complementam o sabor.
O dióspiro e o iogurte dão-lhe bastante humidade, enquanto a combinação de farinha de espelta integral e das amêndoas tostadas trazem um sabor rústico.
O agave, que no inicio parece tímido, faz a sua mágica no fundo da forma, caramelizando ligeiramente as fatias de dióspiro como se estivesse a pintar o quadro de um pôr do sol, onde a luz não se apaga, mas brilha de dentro para fora.
Este é um bolo para quem ousa sair do comum e perder-se nos detalhes mais subtis.
Bolo de Dióspiro Fau-Fau
- 3 dióspiros de roer, pequenos (2 bem firmes e 1 macio)
- 40 g de amêndoa sem pele
- 40 ml de vinho do Porto
- (120 g) 1 iogurte natural
- 60 g de manteiga com sal
- 150 g de açúcar mascavado
- (25 g) 1 colher de sopa de mel (usei, de rosmaninho)
- 2 ovos
- 100 g de farinha de trigo para bolos
- 100 g de farinha de espelta integral
- 1 colher de chá de canela em pó
- 1 pitada de noz-moscada moída
- 1 colher de chá de fermento em pó
- 40 ml de vinho do Porto
- (120 g) 1 iogurte natural
- 1 colher de sopa de geleia de agave
Preparação:
- Pré-aqueça o forno a 180 °C, unte uma forma de bolo de 20 cm e forre com papel vegetal.
- Corte os 2 dióspiros (firmes) em fatias finas. Regue o fundo da forma com o agave e disponha as fatias de dióspiro por cima, sobrepondo ligeiramente, de forma a que o fundo da forma fique coberto.
- Toste as amêndoas numa frigideira em lume baixo (mexa ocasionalmente para que não queimem). Retire da frigideira e deixe arrefecer. Depois de frias, coloque-as num processador de alimentos e processe até obter uma farinha fina. (⚠️Tenha cuidado para não processar demais ou fica com uma manteiga de amêndoa!) Vire para uma taça e reserve.
- Remova a casca do dióspiro macio. No processador, triture a polpa com o vinho do Porto e o iogurte até obter um creme homogéneo. Reserve.
- Com uma batedeira, bata a manteiga (à temperatura ambiente), o açúcar e o mel até obter um creme fofo, por cerca de 4-5 minutos. Adicione as gemas, uma de cada vez, e bata bem entre cada adição.
- Noutra tigela, peneira as farinhas, o fermento, e as especiarias. Junte a farinha de amêndoa tostada e misture.
- Reduza a velocidade da batedeira, para a mais baixa, e adicione a mistura de farinha alternando com o puré de dióspiro. (Termine com farinha e bata só até a massa ficar uniforme.)
- Bata as claras em castelo firmes. Envolva-as suavemente na massa, para não perder o ar. (As claras em castelo ajudam a equilibrar a densidade, tornando a textura da massa mais leve.)
- Espalhe cuidadosamente sobre as fatias de dióspiro e alise a superfície.
- Leve ao forno por 40-50 minutos ou até que esteja cozido. Começe a verificar com o palito aos 38 minutos, nunca antes dos 30 minutos (pode abater).
- Retire do forno, deixe arrefecer por 20 minutos e desenforme ao contrário. Remova o papel vegetal com cuidado. Deixe arrefecer e sirva.
Bom apetite!
Dicas:
- Palito seco = bolo cozido demais (vai secar). A massa vai ficar mais pesada, endurecida, e portanto perderá a textura húmida e amanteigada característica. O ideal é que o palito saia com algumas migalhas húmidas, não seco, mas sem massa líquida!


















